Em algum momento, Jair Bolsonaro terá de se decidir por um partido. Como ninguém o imagina fora da disputa presidencial do próximo ano, precisará, necessariamente, filiar-se a alguma agremiação. Aparentemente, conforme os analistas nacionais, quanto mais passa o tempo, menor o cacife do capitão para fazer exigências da sigla que lhe abrigar.
Relembrando. Brabo com o PSL, pelo qual se elegeu, se mandou e virou independente. Seus filhos com mandato federal, em disputa no próximo ano, estão hoje abrigados no PSL paulista e no Patriotas carioca. Ambos à espera da definição do pai.
Frustrada a ideia de formar um partido todo seu, o Aliança pelo Brasil, em tempo de concorrer, o objetivo primeiro era entrar num em que as ordens totais seriam dele, com direito a definir diretórios estaduais e candidaturas a governador, entre outras exigências.
Ou o partido que o queria era muito minúsculo ou não pretenderia ceder tamanho poder. Logo de cara, portanto, descartou-se o Republicanos, do qual é donatária a Igreja Universal. E aí, aparentemente, o caminho agora está limitado a duas possibilidades. Uma, o PTB. Nesse, sim, os Bolsonaros poderiam mandar e desmandar. Ocorre que não tem capilaridade nem quadros suficientes. Mas ainda é uma hipótese importante.
E chega-se ao que interessa para esta coluna: a possibilidade concreta de que Jair Bolsonaro retorne a uma sigla que já foi sua, o PP. Mesmo, claro, sem aquele poder todo, e correndo o risco de ser traído por lulistas pepistas do norte-nordeste.
De todo modo, se a decisão for esta, a encrenca não será pequena no Rio Grande do Sul. Significaria uma adesão explícita a Luis Carlos Heinze, seu aliado no PP, para o governo do Estado, deixando ao relento seu fiel escudeiro Onix Lorenzoni, hoje no DEM e amanhã, talvez, no União Brasil. Difícil (se bem que é politica) crer que o deputado ministro resolva abrir mão de concorrer ao Piratini. É um pepino de bom tamanho para resolver.
E em Santa Maria? Aqui, tudo ok com os pepistas, mas como ficam Tony Oliveira (PSL) e Manoel Badke (DEM)? Ficarão no União Brasil e contra Bolsonaro? Ou irão para o PP, do qual pelo menos Badke é hoje adversário?
Enfim, eles (e vários outros militantes graúdos do bolsonarismo local, exceto os do PP) estão com o cabelo em pé, a espera da decisão do mito. Qualquer que seja, haverá consequência na província e na comuna.
A ressaca pela ESA e a resposta necessária
RESSACA - É ainda muito cedo, e as feridas precisam ser curadas. Mas também não vai demorar muito tempo a ressaca. Nem pode. Sim, a perda da Escola de Sargentos das Armas (ESA) doeu. E muito. Igualmente, porém, não é menos verdade que a "derrota" nessa disputa para Recife, do ponto de vista estritamente político, é a hipótese dolorida menos dolorida.
Inclusive porque afasta (será mesmo?), exceto para os de sempre, a história de que a decisão do Exército (e de Jair Bolsonaro) foi política (e não foi?). Afinal, Pernambuco não é exatamente, muito pelo contrário, um reduto direitista ou ligado ao presidente.
Bem pior, como disse alguém graduado do Centro Administrativo, se fosse para o Paraná do governador Ratinho Júnior. De todo modo, Santa Maria terá de buscar outras formas de superação desse trauma. Como? Passadas 48 horas do anúncio, obviamente, ainda ninguém sabe. Mas é preciso alguma coisa, que ninguém duvide.
A RESPOSTA - Observando o cenário e a forma como o governo da comuna está a se desenvolver nesses primeiros 10 meses, é possível no mínimo imaginar de onde pode vir uma postura que, mais que sublimar a derrota, tenha o condão de subvertê-la.
Ela virá do Distrito Criativo e das propostas para o Centro Histórico. Hoje sob o comando do vice Rodrigo Decimo, deverá ser cuidada também de perto pelo prefeito Jorge Pozzobom a partir de agora. Inclusive com o acréscimo de projetos, como a resolução do problema de drenagem na Rua 24 Horas e a reconstrução da Praça Saldanha Marinho, Casa de Cultura incluída. A conferir.
Além da convicção, a busca é pelo voto destro-conservador
O colunista tem certeza absoluta que os vereadores João Ricardo Vargas e Roberta Pereira Leitão, ambos do Progressistas, não são ignorantes. Longe disso, ostentam inteligência política indiscutível.
Vai daí, noves fora o fato de que devam mesmo acreditar que a obrigatoriedade da exigência da vacina para eventos e locais diversos não seja uma boa, com absoluta certeza também estão se colocando no mercado eleitoral direitista santa-mariense e gaúcho.
Sim, nunca é demais lembrar que ambos se colocam como prováveis candidatos a uma vaga na Assembleia Legislativa. Vargas é o ficha um do partido na boca do monte, como já declarou à coluna o presidente do PP, Mauro Bakof. E Roberta, inclusive para ajudar na campanha de Luis Carlos Heinze, também estaria disposta, segundo o dirigente da agremiação, a concorrer a deputada.
Enfim, parece claro ao escriba que ambos, não obstante eventual opinião antipassaporte vacinal - que não se sustentará se qualquer um deles desejar viajar ao Exterior - a estratégia eleitoral está posta. Queiram ou não, disputam os votos negacionistas, cuja quantidade é impossível de prever neste momento. Talvez, e isso só se saberá mais adiante, não haja votos para dois. Talvez.
Em tempo: se percebia, no Legislativo da boca do monte, que outros parlamentares chegaram a ensaiar um movimento na mesma direção conservadora. Mas ficaram para trás. Ou voltaram atrás. Não se sabe ainda. De todo modo, pelo menos nesse momento, Vargas e Roberta não têm concorrentes santa-marienses.
LUNETA
REITORES
Abonada pelo deputado Valdeci Oliveira, filiou-se ao PT a ex-reitora do Instituto Federal Farroupilha (IFFar), Carla Jardim. O ato teve direito a anúncio nas redes sociais com um punhado de comentários. Aliás, como o reitor da UFSM, Paulo Burmann, é filiado ao PDT, já se sabe ao menos em quem os dirigentes educacionais não votarão em 2022, para presidente da República.
CARA E JEITO
Tem demonstrado inusual atividade nas redes sociais o secretário de Licenciamento e Desburocratização, Ewerton Falk. Ainda filiado ao DEM, a cada dia que passa, tem mais cara, jeito e atitude de candidato em 2022. Provavelmente, é a aposta, buscará vaga na Assembleia. Só o que talvez nem ele ainda saiba é por qual sigla, uma vez que o DEM desaparecerá e seria incerta sua adesão ao União Brasil, o sucedâneo.
DÚVIDA
Dia deste, o deputado Giuseppe Riesgo criticou a prefeitura, em manifestação contrária aos controladores de velocidade. Não se sabe ainda se foi um hiato ou passará a mesclar opiniões sobre questões locais com as que lhe são habituais, e que dizem mais respeito à agenda econômica liberal. Por fim, ainda resta descobrir se tem algo a ver com eventual ideia de participar do pleito municipal de 2024.
ADVOGADOS
Tem tudo para ser bem animada a eleição da nova direção da subseção local da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Péricles Lamartine Palma da Costa não concorre a presidente e duas chapas se formaram. Tem todo o jeito de disputa ideológica, sobretudo porque um dos campos que concorre tem tão claras digitais destras que o outro lado, pelo contraste, gostando ou não, virou canhoto.
PARA FECHAR!
O fato é que gritos e sussurros silenciosos (se isso é possível) se seguiram à publicação de matéria, pelo colega Maurício Araajo, que revelou, com direito a foto e tudo, a entrega, por líderes bolsonaristas locais, de um retrato do presidente da República, ao futuro reitor da UFSM. Seja ele/a Luciano Schuch, Martha Adaimes ou Cristina Nogueira, integrantes da lista tríplice presentes na imagem divulgada.